Presente de Amèlie

Certos encontros são mágicos.

E um dia eu tive o privilégio de conhecer Karen Matsuvara, quem carinhosamente apelidei de Amèlie Poulain.

Ela é a contradição mais linda que já conheci.

É a tradução da sensibilidade, da alma da criança que se protege sob o manto da pele coberta pelas ilustrações da sua vida.

Beleza de borboleta protegida pelo casulo, na iminência de voar!

Ela tem olhos de poeta…enxerga a alma das pessoas.

Pessoas assim sofrem todas as dores do mundo…mas são capazes de alcançar e tocar as estrelas.

Obrigada, Karen, pela linda leitura da alma das três marias!

                      As três marias (by Karen Matsuvara)

“As três marias, que conheci sem precisar olhar pro céu.

(Cá) Uma vem bonita feito a margarida do campo, com um riso maluco, um jeito solto, ela fala, ri e chora ao mesmo tempo. Ela que parece que se descobriu mãe acima de todas as coisas, é tão menina e sofre com teus pedacinhos, quando um deles cai na frente da escola, ela não pode dar o queijo, mais doa todos os beijos. Ela é bonita feito orvalho em cada flor quando amanhece o dia, e o sol cura a neblina, ela brilha. Ela é o floral de cada chita.

(Pri) A outra estrela vem com a serenidade e luz que tem na voz…O colo que acolhe as duas outras e tantas mais. Ela sorri lentamente e seus olhos ficam miudinhos. Ela tem cabelos negros feito a noite e é imponente e parece que se perde, se encontra, levanta, respira e acalenta. Ela tem uma Alice bonitinha que só o sonho, bordadinha com carinho e de fita nos cabelos. Ela tem um “Q” desconhecido, e um silêncio que parece uma sinfonia, ela parece o medo que caminha junto ao desejo, ela é mulher feita, que não demonstra teus calos, e te olha fundo nos olhos, que vem seguido de uma brincadeira e um abraço. Ela parece o pôr do sol, que acalma o coração dos aflitos diante da exuberância e ao mesmo tempo, simplicidade de sua beleza. Ela é a leveza da seda.

(Fran) Tem também a primeira estrela, que descobriu que o poço pode ser cristalino, senta-se e pesca outras estrelas, vem do pé da montanha da escalada da vida, ela remove suas próprias dores e coloca garra para sí e todo mundo. Ela tem olhos vibrantes e ensolarados, e uma boca que diz as verdades cruas, doloridas ou alegres, o riso rouco que faz música de cirandar. Ela vem da guerra, e de guerreira incansável ela vem compreendendo o tempo e suas cicatrizes. Ela me parece que é a que grita e rasga o véu, que sabe olhar de fora e sentir dentro. Ela é a que floresce em todas as estações, ela vem de Dom Quixote, Amélie de luxo, Bandeira, Quintana e Drummond. Ela é como blusa de lã e algodão… Que acolhe num abraço os que sofrem em dias de frio, e que enxuga o suor que tem gosto de lágrima.

Três que parecem uma. Cada uma com seu cada qual, que completa.
Que surgem à partir da Preta-mãe que me cultiva.

Elas vem acompanhadas de toda poesia, cores e tecidos, que fazem com que a menina acredite na verdade da sua sensível luta limpa.

E que sempre, o Papai do Céu, abençõe cada passo. E se o caminho for tortuoso, que sempre tenha uma flor que resista a tempestades e desertos, plantada em cada um dos três pedaços de um só coração, que ela traga paz na guerra, acalento na dor, risos intermináveis na graça de se viver, e luz na luta de amar.

Que os ventres sejam sempre, jardins sem fronteiras de flores.
Que os espaços não existam dentro dos teus abraços.
E obrigado pelo bem tratar, bem querer, bem viver… E bem me sorrir quando me olham.

Um beijo de fuço.”

Sobre blog Mosaico Prosaico

Advogada especialista em Direito do Consumidor, observadora, curiosa e aprendiz!
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2 respostas para Presente de Amèlie

  1. Amélie disse:

    De tanto bem querer, corre no rosto a mais cristalina, lenta e serena gota de orvalho.
    Obrigado moça que senta a beira do poço e pesca algumas estrelas.
    O Neruda pensava nos teus olhos ensolarados quando colocou a menina a pescar estrelas.
    Um beijo de fuço!

  2. Obrigada, Amèlie, por seu olhar demorado!
    Poetas costumam ser assim…
    Chico Buarque ainda cantará suas letras.
    Bjs com estrelas!

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